quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O banco

Eu o vi sentado num banco olhando pro nada, seus olhos passeavam entre as pessoas, as arvores, seus olhos castanhos pairavam no nada.
Eu havia saído do trabalho naquele mesmo instante, louca pra olhar as belezas da praia, poucos tinham esse privilegio de na hora do almoço sair e da de frente com todo esse azul, mais hoje longe da correria do escritório eu imaginava o que tinha naquele olhar.
Fazia um pouco de calor, pensei por um instante que fosse chover, eu o ouvi suspirar, notei que tentava engolir o tempo, as mãos apertavam a perna, de longe sem conhecê-lo sabia que existia algo que o sufocava a alma, eu era uma jornalista e não uma psicóloga, mais algo naquele garoto, lembrava a Rafaela de 20 anos.
Quando seu celular tocou, pude notar que nada nem ninguém podia melhorar aquele momento, nunca saberei lhe explicar se ele queria que isso acontece-se, eu ouvi falar sem tirar os olhos do chão sobre uma dor, uma dor que só os adultos conheciam, falou de solidão, de rotina, citou um abismo o alguém do outro lado parecia mudo, parecia não estar ali.
Não vi uma lagrima, assim como nós adultos, aquele jovem não chora por isso, assim como nós adultos aquele jovem não arrisca pedir a mão, assim como nós adultos aquele jovem sofre sozinho, assim como nós adultos aquele jovem continua sem respirar o ar da praia que eu pensei sentir todos os dias.
Por isso estou lhe escrevendo faz anos que não podemos nos falar, o tempo nos engoliu, o tempo não nos deixa viver de verdade, assim que der prometo comprar uma passagem e ir lhe dar um abraço, estou lhe devendo um cinema e um chopp gelado, não esqueça de viver meu amigo, agora preciso voltar a trabalhar, sabe como é os adultos ainda não aprenderam a andar descalços pela beira da praia azul.

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