quinta-feira, 29 de abril de 2010

E quando ele se foi senti o desejo dentro de mim, parecia que ele estava ali, forte.
Havia tomado um, dois, três banhos, ainda conseguia enxergar suas mãos abrindo as minhas pernas, invadindo o meu mundo não tão secreto, mais ainda sim meu; homem.
Meu príncipe era um ordinário plebeu, chegou ganhando espaço, um charme que brotava dos seus profundos olhos castanhos, tomou-me a mão, em troca dei-lhe uma contra dança, em troca dei-me.
Foram poucas as palavras, sua boa quente marcava a minha nuca, era um erro, era bom.
Mãos grossas, mãos firmes, agarraram os meus cabelos, desenhou com as pontas geladas dos seus dedos todo o meu ser.
Hálitos quentes, gemidos fortes, parede e chão, eu deveria parar, eu conseguiria parar, mais eu não queria e de repente parou, ele havia despejado todas as suas intenções dentro de mim, vestiu-se, atacou os sapatos, sobre a camisa de linho branco, um smoking negro, um beijo na testa e o vazio daquele aposento.
Só na escuridão daquele quarto, eu estava nua, crua e só.

- e como se chamava?
- não sei. Só lembro dos seus profundos olhos castanhos.




Natália Rafaela.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

E de repente a tristeza.
Entrou invadindo minha casa, se instalando no meu quarto, mil tentativas nulas de fuga, se apoderou de mim; um ser alto de longos cabelos cacheados, uma voz firme, um intelecto fascinante, era a minha tristeza; mais um copo de uísque.
À noite ia se esquivando, correndo atrás de uma saída desesperada de não vê meu rosto encosto um colchão velho na janela com a esperança de dar de cara com o escuro que só eu enxergava; mais um dia, mais uma garrafa.
Deitada na cama, só, nua, não existia calor ou frio, apenas uma forte dor no peito, um aperto inconveniente; mais ele estava feliz, existia dentro dele uma felicidade que não era minha, que não vinha de mim; uma garrafa e meia, eis que surge meu ser egoísta.
Eu não conseguia chorar, assim como em qualquer outro fim, eu não sabia mais como chorar, ia ser cruel demais pra mim, ia ser cruel demais pra ele; ultimo cigarro, ultimo fim.
Irracional, leviana, boba, esse tudo se resumia a isso e o nada também, sentia fome, sono e a dor ali, a embriaguez tomara conta de todo o emocional, tomara conta de tudo, não e sim, se confundiam como naquele dia em que nossos corpos, se tornarão um; loucuras sexuais, parar de beber e enxergar cores era essa a minha única saída,
Então me vesti e sai, nada de bares, nada de nada, queria amar a mim, queria o mundo, mais só sabia amar você.


Natália Rafaela

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Meu super tio.

Eu o admirava de longe, um sorriso encantador, aquele jeitão todo andando pra lá e pra cá, simpático e feliz.
Era a mesma idéia de criança, o super homem, um super tio, os heróis não morrem, os heróis não sofrem.
As festas elas ficavam, mas animadas com as suas brincadeiras, os dias eram mas bonitos, não adianta falar nada, se ele sorrir tudo muda.
Ao acordar de um pesadelo notei que faltava algo dentro de mim, um pedaço que ninguém perguntou se podia levar, mas ele sempre chegou e saiu quando quis, suas visitas eram motivos de risos e abraços, ele sempre chegou e saiu assim, de repente.
Recordo do garoto que carregou a menina escandalosa no braço, do homem que viu a sobrinha triste e sorrindo disse que ela ficava, mas bonita quando não chorava, do amigo que aconselhou a ter cuidado quando confiar demais nas pessoas.
E quando pensar em você vou lembrar do seu sorriso, vou lembrar de como era bonito, de como me fazia bem a sua presença, lembrarei sempre de como me fez bem em tudo e com tudo, meu super homem, meu super tio.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Parada em frente a mesma porta, dividia entre o não e o sim, saio levando o talvez, pra quê arriscar? Outros farão isso por mim.
As ruas sempre movimentadas, o transito um caos, já são 8:00 da manhã e não há nada diferente,tudo bem.
Um café, um cigarro, jornal dentro da pasta, dentro do escritorio, rotina, a mesma de 4 anos, então por que o incomodo?
Não me sinto bem, saio pra almoçar e volto pra casa, prefiro assim, hoje o dia está tão frio, nem sei o nome do meu vizinho, isso agora me soa tão seco, tão improprio, triste.
Um banho e cama, meu corpo pedia repouso e ainda era segunda-feira, já deitada ligo a tv, analiso bem os canais, nada de interessante, ligar pra alguém talvez fosse a melhor saida, mas quem? Não existe ninguem.
Ali deitada noto que ainda sei chorar, noto que ainda sei sentir e tenho medo disso, medo por não ter colo, medo por não ter nada.
Criei traumas na minha mente, alguns reais, nada que merecesse tanta importância, já outros era o puro medo de arriscar.
Sinto falta do não ou do sim, é tudo tão vazio aqui dentro, meus sonhos e ideias se perderam com o tempo, por medo de cair, por medo de perder.
O mundo la fora girava e aqui dentro ta tudo tão parado e por que eu gostava disso?
A noite vem invadindo a minha janela, olho no espelho e não enxergo nada, alguns novos traços talvez, eu era tão bonita, eu era tão viva, hoje não sobrou nada.
Ainda deitada, sinto sono, sinto dor, a dor de um nada dentro de mim.
Ao acordar amanhã, irei escolher entre o sim ou o não, nunca é tarde pra sentir.