quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Jaboatão, 9 de Fevereiro de 2011

Meu menino,

Antes de qualquer coisa peço perdão por essa minha covardia poética, porém era necessário me esconder atrás dessas linhas sei que fraquejaria perante seus olhos enfartantes, foi melhor assim;
Me pego trancada dentro desse quarto a dias, entre doses de whisky, cinzeiros cheios e telas partidas ao meio, és a minha maior inspiração, entretanto não posas mais para mim a tanto tempo;
Tenho medo dessa solidão, o escuro traz as piores sensações, entro em casa, acendo todas as luzes com a esperança que a claridade me ajude a andar em linha reta é sempre o mesmo obstáculo, nunca imaginei que seria assim;
Você havia se encaixado perfeitamente aqui dentro, que nem me importei, o garoto de sorriso bobo e cabeça boa, sua foto colada na parede e minhas vans tentativas de relatar sua magia, as tintas continuam abertas no canto da sala eu é que perdi o jeito;
Fui ao seu lado uma Helena, fiel, doce, cúmplice, eterna amante, se pudesse voltar no tempo faria tudo da mesma forma, se pudesse mover o destino faria tudo durar pra sempre, entretanto isso apenas ficou nas linhas do meu caderno, nesses textos tão cheios de você;
Peço a Deus pra não lhe ter em meus sonhos, preciso respirar um pouco, ainda imagino o dia em que olharas pra mim, pobre menina ingênua, certos sonhos nascem com a sina de nunca serem realizados;
Atirei-me de penhascos, atravessei multidões, queimei entre lençóis verdes, corajosa menina de 20 anos, mais no momento em que imagino outro corpo acalmando sua alma inquieta, vacilo, ensaio na frente do espelho não chorar, ensaio parecer não doer e fracasso ao lembrar dos beijos e abraços, dos momentos de troca, fracasso ao lembrar que apenas eu senti;
Outro copo de whisky, a carteira de cigarro esta no fim, os primeiros raios de sol tentam invadir minha janela, minha posição não é nada confortável vista de dentro, pensei em te ligar, mais não há nada pra dizer é tarde demais pra juras de amor desesperadas, que o meu silêncio deixe tudo covardemente como está;
Amanhã quando a rotina recomeçar vai encontrar essa casa bagunçada demais, terá pedaços meus em cada canto, as chaves estarão debaixo do tapete, entre leve tudo que for seu depois venda a casa pra alguém que saiba usá-la melhor que eu;
Não te preocupes estarei bem, serei sempre eu que vai contar, eu o compreendi, eu o entendi, eu o fiz feliz, eu o amo. E assim quando passares nas esquinas todos saberão seu nome, saberão o humano maravilhoso que és e saberão o quão apaixonada eu sou.

Com amor, Natália Rafaela.

6 comentários:

  1. "Aqueles que se alegram com uma simples flor merecem a felicidade de um vasto e colorido jardim."!!!

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  2. Me deixou uma sensação de angustia, um adeus tão forte, a vontade que me dar é de correr atras antes que passes nas esquinas e fale de você primeiro, pra que a tragam de volta.
    Me deixou de fato uma sensação de angustia...

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  3. e as palavras ditas veem e vão, já as escritas ficam pra eternidade

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  4. Gostei muito do seu blog... te seguindo... o meu é http://cimaradesa.blogspot.com/ adc ai !!!

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  5. "é tarde demais pra juras de amor desesperadas, que o meu silêncio deixe tudo covardemente como está;"
    Puta que pariu, essa parte é foda. Traz um quê de estagnação, de revolta, de impotência diante das situações que a vida nos coloca.
    Tô adorando muito isso aqui... Reconheço meu momento nessas linhas. Superaremos!
    beijoooo e se cuida coisa linda!

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