sexta-feira, 21 de maio de 2010

Acho que tinha uns quinze anos, meus amigos falavam daquela noite como se fosse a última de suas vidas eu não estava nem um pouco interessado em fantasias, melodias, pornografias;
Gostava dos meus carrinhos, da minha coleção de selos, dos domingos da missa;
Mais fui, fui como um cachorro preso que preferiria o quente dos tapetes velhos, aos passeios noturnos da grande cidade;
Sentei-me ao canto, observei todo aquele acontecimento normal pra minha idade, mas que me encomodava, que me frustrava muito, até que sai, la fora reencostado numa pedra acendi um cigarro, dei um gole na minha coca-cola e vi o andar, andar doce, ao longe parecia um anjo, parecia flutuar;
Sensação esquisita senti um calafrio correr todo o meu corpo, as pernas estavam levemente bambas, meu coração acelerado, eu não era mais um menino, meninos é que sentem isso, já tinha quinze era um homem e meu anjo ali;
Ficaria a noite toda preso naquele andar, pensei na minha mãe, nas lições do catecismo, nos amores impossíveis dos romances lidos no colégio, por um instante fechei os olhos e senti ele perto de mim, senti uma vontade tomar conta de tudo, e de repente o medo, era um pecado, um erro...
Mais um trago no cigarro, último gole daquela coca-cola, levantei-me, enxuguei o rosto molhado de suor e parti, parti como uma criança boba, dentro da festa, meus amigos divertiam-se ao som das baladas que esquentavam aquela década de 70 e eu pensava no meu anjo;
Nunca mais o vi, nunca esquecerei o garoto de cabelos negros e de olhos verdes, meu anjo que flutuou pra longe me trazendo a certeza de quem eu sou.

3 comentários:

  1. UAU, só posso dizer que está completamente real, mundano, incrivel!

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  2. Você, minha amiga, exala sensibilidade em seus textos. É sempre bom te ler!

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  3. só por que se inspirou em mim, pronto falei.. hauhasuhsauasuaushaushuahsua
    vc arrasa amiga :D

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