domingo, 28 de março de 2010

“Nada de pensamentos complexos” ele disse, eu fiquei ali muda, parada naquele sorriso encantador e entre alguns tantos copos de uma bebida ruim, me senti leve e dominada por suas mãos firmes.
Ele tinha virado alguém, e eu estava presa a um momento, uma conversa agradável que durava horas, por um instante notei que ficava tensa quando percebia que seus olhos invadiam os meus, tenso.
Sempre soube o quão ruim era agir sobre pressão, costumava negar qualquer informação nessas horas, e tudo que eu sentia ali me pressionava tudo que eu via me deixava cada minuto, mas tensa.
Recordo de frases ditas sem sentido, de sorrisos dados no momento errado, ainda sinto a sua mão passando entre meus cabelos, um carinho puro, um carinho bom.
Entre os gigantes corredores, lembro do seu caminhar calmo de passos leves, da voz engraçada, do abraço e das brincadeiras, eu observava tudo de longe, ele nem notou, tudo bem.
Foram dias pensando em falar algo, qualquer coisa que fizesse sentido dessa vez e o tempo foi passando, foi passando lento e de repente eu o vi ao longe, era ele sim, ninguém conhecia melhor aquele andar, distraído e bonito, nunca soube o que passava dentro daquela cabeça, se ele tinha medo, se ele sentia dor, era apenas ele, leal a suas escolhas, leal ao seu modo de viver

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sem motivos pra escrever, a vontade que tenho é de largar esses malditos remédios e dormir pra sempre.
O estranho é que eu escolhi a cor do quarto e agora ele me parece branco demais, frio demais, morto demais.
Queria pintar o mundo, escrever os amores, resumir os sentidos, mais essa tosse atrapalha tudo, não consigo me concentrar com esses malditos desmaios, há uns 20 dias viver era mais fácil.
Sinto falta dos meus amigos, são todos expulsos de casa, ninguém pode me vê, dentro do meu casulo, vou ficando mais magro, cada dia mais pálido, o mundo é mais colorido visto da minha janela.
Sinto falta de alguns abraços, de um beijo marcante, do som do violão, das conversas sem sentido, do cheiro do mar, é tudo tão recente e tão doloroso.
As palavras tão sumindo 21h00min, hora do remédio, meu controlador de vida, daqui a seis meses uma possível cura, daqui a seis meses uma possível vida.
Tenho todo esse medo de que não de tempo de abraçar um alguém, alguém tão importante, alguém que me fez tão bem em dois dias.
Agora preciso sair, voltar pra minha cama, meu corpo esta fraco pra ficar aqui, pra ficar em pé, mais daqui a seis meses tudo passa, e novas telas iram colorir o branco triste da minha prisão.
Em quanto alguns brincavam de ser boêmios eu levei a serio, e fiquei com a mais triste parte, mais meus sonhos tem cura.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ela queria amar, ele queria viver, foi ai que os dois se perderam no tempo.
Uma janela a convidou a conhecer o outro lado da vida, um copo fez com que ele se distraísse e tentasse esquecer.
Os dias que passavam traziam pra ambos a certeza do fim, pra ela só ele podia fazê-la feliz, pra ele o amor não é um sentimento real, se esquece.
Ela buscou na certeza das experiências passadas um pouco de conforto, já ele trouxe mais dor a tudo aquilo, ela confiava nele, ele nunca acreditou nela.
Queria poder conversar com os dois, queria poder assumir todos os erros, todos os medos, todos os traumas...
Mais não posso, não devo.
Ela me prometeu lutar por ela pra poder lutar por ele, ele achou melhor lutar por ele pra deixar outro sem amor lutar por ela.
O tempo que os trouxe, os afastou duas vezes, ela leva dele a felicidade de um fruto plantado dentro dela o amor mais puro do mundo, ele prefere se fechar em copas do que acreditar que um dia o tempo vai trazê-los de volta.
Eu dei pra eles a chance de serem felizes, e eles me retribuíram com o medo infantil de ferir o ser amado...
Um dia, mais cedo do que pensam eu volto ate eles dois, e dou mais uma chance, e dessa vez eles vão estar prontos pra amar sem medo.

Natália Rafaela.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

São 19 anos de vida... Pouca coisa? Pra alguns sim, pra mim o suficiente pra comparar a minha vida com uma montanha russa, assustadoramente interessante.
Podia começar agradecendo a todo mundo que fez parte, que mudou minha trajetória, mais assim todo mundo faz...
Quero voltar pro Rio de Janeiro, não que Recife me faça mal, ou que não tenha me ensinado nada, mais encontrei no Rio uma maneira verdadeira de viver a vida, uma forma assustadora de realizar meus sonhos, e os amigos? Os familiares? Nunca esquecerei de ninguém mais quero ir e poder ficar, não tenho vontade de voltar, quero criar meu mundo lá, quero poder fazer historia.
Curso de cinema e fotografia é o que mais tenho vontade de fazer, explorar meus conhecimentos, meus sonhos, explorar minha capacidade de criar e construir distribuir arte.
Montar um grupo de críticos, amigos que se encontram que abandonam seus vícios, seus amores, e lá dentro são só suas idéias, pessoas anônimas, que estão ali pra discutir, pra conhecer e distribuir tudo que sabe, o conhecimento nunca é demais na vida de qualquer ser humano.
Esperar resultado do vestibular entra na faculdade que sonho, que vontade louca de fazer um curso superior, mais isso eu já pude interferir agora infelizmente é só esperar, maldita ansiedade.
De amor eu to bem, encontrei alguém que me completa, que eu posso contar, alguém que sempre divide comigo os sonhos, a vida, eu só devia me esforçar mais, como parceira, como amiga.
Morar só, é isso é fato, viver sozinha, minhas regras, meus gostos, minha casa, independência, mais pra isso vem o outro ponto, arrumar um emprego, crescer financeiramente antes de ser independente.
É tudo que falta pros próximos 19 anos que estão por vir, nada de mais, só coisinhas que todo mundo devia ter.

Natália Rafaela

sábado, 16 de janeiro de 2010

Inconscientemente desejamos nunca ter respostas pra nossas perguntas, tudo ficou tão sem graça quando descobrir o porquê que o céu azul, ou como os filhos são feitos. Infantilidade? Talvez.
Os sentimentos fazem parte dessa lista de duvidas constantes, no amor julgamos o porquê das mãos frias, as palavras que somem da boca, até do rosto avermelhado, na amizade questionamos como se deposita tanta confiança, o rir de piadas sem graça, a saudades quando se afasta por tanto tempo, na raiva o motivo é mais forte a vontade de querer bater e matar alguém, de desejar que o teto caísse em sua cabeça, quanto mais se deseja, mais se pergunta o porquê de tanta duvida sobre tais sentimentos.
Então me pergunto como seria viver sem elas, nada de respostas todos saberiam o que pensar, como agir, não aprenderíamos, não viveríamos, seria tudo tão igual e sem graça, seria como o meu céu azul, aquele que eu descobrir o porquê de sua cor.
Minhas duvidas me fazem ter certeza de que viver sem elas é parar de pensar.

Natália Rafaela

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Eles passaram por mim varias vezes e nem notavam que eu os desenhava enquanto riam de algo engraçado ou nem tão engraçado assim, mais existia ali algo que fazia aquela ligação parecer mais forte, eu não os conhecia mais já os admirava.
O primeiro tinha um rosto diferente, parecia um pouco mais objetivo que os outros três ficava claro que em algumas horas lhe faltava paciência, o segundo o mais menino de todos eles tinha um ar gentil conquistava com o olhar, o terceiro meio desastrado maior que os outros não tinha muitos limites parecia querer sempre fazer os outros sorrirem, o quarto e o ultimo era com certeza o mais urbano de todos eles, sua aparência chamava atenção das garotas presentes ali.
Eu não sabia o que pensar ao ver todo aquele afeto que eles demonstravam, podia ser rotina ou não, podiam se conhecer a décadas ou apenas há um dia, mais algo dentro deles deixava o ar mais leve.
Continuei ali parada, com meu tablado rabiscando traços procurando a perfeição daquele momento já tinha costume de sentar naquele mesmo branco e desenhar as pessoas que me chamavam a atenção mais por que com eles nada saia tão grandioso quanto à cena que eu via?
Pensei em levantar, pedir explicação, falar que eles estavam me deixando nervosa, depois me conti, sabia que estava pensando demais naqueles garotos, mais já eram homens, responsáveis, era claro o ar de cansado no rosto de cada um... E estavam ali em plena segunda-feira conversando, dentro deles havia um menino que nunca vai morrer,
estava claro.
Virei o rosto e resolvi rabiscar um outro desenho, algo sem tanta importância, um deles veio em minha direção perguntou se eu tinha um isqueiro emprestei, acendeu um cigarro agradeceu, viu uns desenhos no chão, elogiou, saiu. Continuei nas minhas flores e arvores e hora por outra levantava o rosto estava tarde e eles ainda estavam ali, podiam ser casados, ter filhos, mais pareciam não se preocupar muito com o mundo, aquilo era mais importante naquele momento.
Naquele banco eu pude conhecer de longe umas das maiores lições de amizade, uma amizade que permanece fiel depois de tanto tempo e diferenças, eles nunca vão se lembrar de mim, não devem nem ter notado a minha presença, mais eu os vi e reconheci que nada é mais forte que o amor que sentimos por outra pessoa: um pai, uma mãe, um amigo... Sim um amigo por que não? Com as mesmas qualidades ou não, alguém que nos complete, que nos conforte.
Pode ser que amanhã ou depois eles nunca voltem a se encontrar mais vão sempre lembrar daquela noite de segunda-feira em que foram felizes por poucas horas, apenas por terem encontrado o outro pedaço que faltava em tantos dias.



" Dedico esse texto a Jailson, Iuri, Isaac e Arthur,
um grupo de quatro amigos que mal conheço e que
me arrancaram lagrimas ao escrever tudo isso,
admiro hoje e sempre admirarei a beleza simples
que brota dessa amizade".






Natália Rafaela.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O dia mais feliz de minha vida, foi o dia em que descobrir que eu podia enfrentar minhas próprias idéias, resolvi então sentar num canto de um bar, com uma folha e uma caneta qualquer, comecei a analisar as pessoas e os seus momentos cotidianos, uns julgam seu fracasso ou alegria como culpa de um destino certo e inviolável, outros se aventuram nas escolhas do acaso e preferem se culpar pelas decisões tomadas. Eu não acredito no destino.
Costumo dizer que o destino é dono daquele sonho que você tanto quer e ele toma de você, então como um cruel parceiro ele resolve lhe fazer uma troca e você sem ter como recuar aceita a proposta, não gosto dessa figura certa do destino dessa sensação de que tudo esta escrito que nada pode ser mudado e que precisa ser aceito. Já o acaso é o irmão bom, aquele que lhe proporciona vários caminhos, então esta no seu direito encará-lo ou não, admiro esse poder de controlar a vida.
Não entendo pessoas que conseguem viver com as duas coisas, que conseguem administrar a vida ora culpa do destino, ora conseqüência do acaso, mais no canto daquele bar continuei a ver pessoas que se encontram e não se notam, outras que se notam mais nem sempre se encontram, pessoas guiadas por essa força mágica que chamamos de vida. Um dia alguém ira sentar naquele mesmo lugar e vai observa os olhos de outras pessoas e se perguntara: quem é mais convincente o acaso ou o destino?

Natália Rafaela