terça-feira, 23 de novembro de 2010

Então pule.

Ele gritava pra que eu pulasse, que me jogasse de vez, sem esperar, sem pensar;
Minhas pernas haviam se fixado ao chão, minha cabeça havia se fixado ao chão, tudo parecia fixar-se;
Eu olhava pra baixo ele tinha os braços estendidos, sua voz parecia cada vez mais distante "Eiiii" eu gritava, "precisamos trocar de lugar, é você que tem que se jogar e não eu", ele parecia não ouvir, mais sorria, cruelmente sorria;
Pedi um tempo, ele abaixou os braços, procurou um cigarro no bolso e riu quando se lembrou que a algum tempo havia parado de fumar, catou umas pedras no chão, ficou jogando-as contra o nada, esperava;
Eu me sentei, coloquei a cabeça entre as pernas, pedi por lágrimas,clamei por respostas, praguejei o tempo, os pés estavam entrando dentro da terra, a coragem ia se esvaindo do meu ser, o pânico tomara conta de tudo;
Rastejei até a ponta do precipício, ele encostara a cabeça numa pedra e deitado admirava o céu azul sem nuvens, "e se eu me machucar?" num susto ele voltou a si, "eu estou aqui embaixo, lembra? nada vai acontecer" "tenho medo, de que pisques os olhos na hora da minha queda", "confie em mim meu anjo, confie em mim";
E como num passe de mágica, toda as raízes que prendiam meu ser ao chão se partiram e eu fui, fui de olhos fechados pra sentir o vento;
E quando abrir os olhos, eu estava de pé, com os braços abertos, então gritei, "Eiiii, pula, se joga de uma vez, não pensa, eu estou aqui embaixo,confia em mim"...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Outros pensamentos